Blog Kumbu Fácil

Informação prática sobre finanças, economia, turismo e curiosidades

China e a Revolução Tecnológica — Estará a Caminho o Primeiro Robô Capaz de Gerar Vida?

greenery pic

#FuturoDaCiência #InovaçãoOuPolémica #RobôsDoAmanhã

Há alguns dias, surgiu em várias plataformas de tecnologia a notícia de que, na World Robot Conference 2025, a China teria apresentado um robô capaz de engravidar ou carregar uma gestação humana, alegadamente desenvolvido pela empresa Kaiwa Technology, com lançamento previsto para 2026.

A afirmação é tão ousada quanto polémica — e por isso fomos investigar para perceber se esta informação corresponde à verdade.

De acordo com a plataforma de verificação Snopes, não existe qualquer prova de que um robô concebido para gestar um bebé tenha sido criado. Nem o alegado inventor, Zhang Qifeng, nem a empresa Kaiwa Technology possuem registos credíveis, e a própria Nanyang Technological University (NTU) desmentiu qualquer envolvimento em pesquisas desta natureza.

As notícias que circularam apresentavam imagens geradas por inteligência artificial e declarações sem fonte fidedigna. Na realidade, o que foi mostrado no evento foi apenas um conceito: a ideia de um robô de gestação com útero artificial, estimado em cerca de 14.000 dólares. Não passou disso. Especialistas foram claros em afirmar que estamos perante uma visão especulativa, distante de um protótipo funcional, e que ainda há barreiras imensas a superar — científicas, éticas e legais.

Ainda assim, mesmo sendo falso o anúncio do chamado pregnancy robot, o tema trouxe de volta à mesa um debate fascinante: a possibilidade, um dia, de desenvolver úteros artificiais controlados por sistemas robóticos.

A ciência encontra-se, por agora, longe desse horizonte. Os estudos em ectogénese (gestação fora do corpo humano) permanecem restritos a testes laboratoriais em embriões de animais. Mas a questão mantém-se: se a tecnologia avançar, que implicações terá para a sociedade? Por um lado, poderia abrir novas oportunidades para casais com problemas de fertilidade, para mulheres que não desejam ou não podem passar por uma gestação biológica, ou até servir como resposta à queda da natalidade que preocupa vários países.

Por outro, surgem dilemas éticos inevitáveis: estaríamos a responder a uma necessidade legítima ou a entrar num território de desumanização da maternidade e da vida? Estaríamos perante uma inovação ao serviço da humanidade ou perante um limite que não deveríamos ultrapassar?

A ectogénese, mesmo distante de se tornar prática, obriga-nos a refletir sobre os limites do progresso científico. Até onde deve a ciência ir? Será este mais um passo natural do progresso humano? Será uma inovação que expande possibilidades de vida? Ou será, antes, um desrespeito pela condição humana — e uma tentativa de brincar com o nosso Criador? São perguntas importantes que, de acordo com aquilo em que cada um acredita, podem levar a diferentes conclusões.

Foto de Elso Manuel

Elso Manuel

Fundador do KumbuFacil.com e Criador da plataforma AIPEGS.net.